sábado, 15 de maio de 2010

POÉTICA NEUZA LADEIRA e CAETANO TRINDADE

Intercalações

Caetano


Não canto a liberdade mas a legalidade de uma bruta nação

Não canto Drummond mas o verso que canta a procissão

Não canto só a vida mas a morte que alaga multidão

Nesta orquestra cantamos a lamúria ousadia solidão



Neuza



Sem alianças vivo o passar das horas sem incomodo

No silêncio profundo que me encontro o esplendor

Quando o alicerce cede há arroto instantâneo



Caetano

Ai que dores deveras sentem

Para onde vai toda esta gente

Veja, o amor sente em não ser prudente

Passa boi passa boiada

Nunca faltará amor na estrada

Como poeira em cavalgada

Nesta marcha que somos dois


Neuza


Dizem que morta estou e não sei

Vivo assim como você que nada tem para falar mas fala

De repente a explosão

O abicou pelo corpo o fósforo riscado e mascado

A mulher despida a fogueira acesa o corpo maculado

O mito rendido à ciência esculpida

A miséria tolerada nas arvore derrubadas à casa construída

Você desafinando a irmandade dividida




Caetano



Vem zunindo assim cordilheira da saudade

Vem sorrindo como voa a liberdade



Neuza

Deixou de acender as velas no altar

Deixaram os santos ali como estátuas

Não mais tomou o banho de ervas

Fechou-se embrenhou pela floresta



Caetano

O hipnótico jasmim sinaliza

Faço-me do que se ajuntou aquilo que sou



Neuza

Aqui os perigos são tantos que não mais quis saber e se entregou

O desagrado era real talões atitudes

Estas tão velhas tão cantadas

A musica no barulho diário

Minha graça tirou o brilho

Abriu-me o estreito

Desta pequenez soberba

Maio 2010
Sobre os autores:
Neuza Ladeira - http://www.neuzaladeira.com.br/
Caetano Trindade - http://xopoto.wordpress.com/

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