Intercalações
Caetano
Não canto a liberdade mas a legalidade de uma bruta nação
Não canto Drummond mas o verso que canta a procissão
Não canto só a vida mas a morte que alaga multidão
Nesta orquestra cantamos a lamúria ousadia solidão
Neuza
Sem alianças vivo o passar das horas sem incomodo
No silêncio profundo que me encontro o esplendor
Quando o alicerce cede há arroto instantâneo
Caetano
Ai que dores deveras sentem
Para onde vai toda esta gente
Veja, o amor sente em não ser prudente
Passa boi passa boiada
Nunca faltará amor na estrada
Como poeira em cavalgada
Nesta marcha que somos dois
Neuza
Dizem que morta estou e não sei
Vivo assim como você que nada tem para falar mas fala
De repente a explosão
O abicou pelo corpo o fósforo riscado e mascado
A mulher despida a fogueira acesa o corpo maculado
O mito rendido à ciência esculpida
A miséria tolerada nas arvore derrubadas à casa construída
Você desafinando a irmandade dividida
Caetano
Vem zunindo assim cordilheira da saudade
Vem sorrindo como voa a liberdade
Neuza
Deixou de acender as velas no altar
Deixaram os santos ali como estátuas
Não mais tomou o banho de ervas
Fechou-se embrenhou pela floresta
Caetano
O hipnótico jasmim sinaliza
Faço-me do que se ajuntou aquilo que sou
Neuza
Aqui os perigos são tantos que não mais quis saber e se entregou
O desagrado era real talões atitudes
Estas tão velhas tão cantadas
A musica no barulho diário
Minha graça tirou o brilho
Abriu-me o estreito
Desta pequenez soberba
Maio 2010
Sobre os autores:
Neuza Ladeira - http://www.neuzaladeira.com.br/
Caetano Trindade - http://xopoto.wordpress.com/
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